Para um inversor fotovoltaico ser comercializado no Brasil, é necessário que o equipamento esteja de acordo com várias normatizações e portarias. Um dos testes exigidos é o de suportabilidade à inversão de polaridade.
Neste teste, avalia-se a capacidade do inversor de não ser danificado quando submetido a conexões invertidas. Este teste é importante nas instalações fotovoltaicas, devido a duas situações comuns que podem induzir a inversão de polaridade:
Erro na Identificação dos Terminais do Inversor: uma das causas comuns é a conexão incorreta dos terminais positivo (+) e negativo (-) do inversor. Em ambientes de campo, onde as condições podem ser desafiadoras, é fácil cometer um erro na identificação rápida e precisa dos terminais;
Interpretação das Especificações de Strings Box e Combiner Box: O outro risco envolve a análise das especificações técnicas das strings box e combiner box. Uma interpretação errônea destas especificações pode levar à conexão equivocada dos cabos, resultando também na inversão da polaridade.
Estes terminais fotovoltaicos mencionados no texto acima, estão presentes tanto em módulos quanto em inversores e são conhecidos como MC4. Estes terminais possuem um padrão de conexão específico que demanda atenção durante a instalação. Embora a configuração pareça simples, o design do MC4 pode levar a equívocos: o terminal positivo do módulo apresenta uma configuração macho, enquanto o inversor positivo utiliza o terminal fêmea.
Uma das complexidades é o grande número de MC4s que os instaladores devem montar, o que pode aumentar a possibilidade de erros. A Figura 1 mostra a montagem correta, enquanto a Figura 2 evidencia um erro frequente: na extensão do módulo fotovoltaico, onde deveria ser utilizado um conector macho, foi empregado um conector fêmea, resultando na inversão de polaridade.
Figura 1: Instalação correta do MC4
Figura 2: Instalação incorreta do MC4
Como indicado anteriormente, é desafiante a quantidade de MC4, no exemplo das Figuras 1 e 2 em uma instalação com apenas 3 módulos fotovoltaicos exige a montagem de 8 MC4s. Em um contexto mais amplo, como uma usina de 1 MWp utilizando módulos de 500 W, seria necessária a conexão de cerca de 5300 MC4s.
Conforme as normas e portarias brasileiras, para a aprovação neste teste, o equipamento precisa ser submetido a uma inversão de polaridade por 5 minutos. Após esse período, a polaridade é restabelecida às condições normais. A aprovação depende de uma inspeção visual e da verificação do fluxo de potência para a rede, garantindo que o equipamento funcione na sua potência nominal.
Geyciane Pinheiro de Lima
Doutoranda e Mestre em Engenharia Elétrica na UNICAMP. Especialista em certificação INMETRO e avaliação de qualidade de Inversores Fotovoltaicos, contribuindo para criação do laboratório de certificação da UNICAMP. Participou de projetos com a BYD e agora Total Energies.
Comments